Em 2008, Leslie Feist já não é a ex-partenaire de Gonzales, nem a ex-Broken Social Scene. É um valor firme do indie mais encaixável em formato canção, amigo da melodia e profundamente feminino, como de resto provou a predominância de vestidos vaporosos entre o público da Aula Magna.
Com nomeações para os Grammys e exposição mediática na bagagem, Feist chegou a Lisboa confiante mas também cansada: “É a última data da digressão e parece o último dia de escola”, desabafou a certa altura. “Quando os professores nos põem a ver um vídeo qualquer e vão fumar, e nós estamos eléctricos mas exaustos”.
O cansaço não tirou a Feist empenho nem entrega. A cantora apostou na interactividade com a plateia e no seu charme de rapariga simples mas cativante para estabelecer uma inquebrável empatia com os fãs.
Desde o primeiro tema – o tradicional ‘When I Was A Young Girl’, cantado em modo de blues branco, por detrás de uma tela onde se projectava a delicada figura da artista – que o público não lhe poupou piropos. “We love you!” foi a mais comum das confissões do auditório.
A simplicidade de recursos, que Feist tanto aplica às músicas como aos vídeos, estendeu-se ao curioso engenho cénico que a viu começar e acabar o concerto por detrás de uma tela, reduzida a esbelta sombra; no resto do tempo, as suas “shadow assistants” fizeram desfilar, num painel ao fundo do palco, imagens consentâneas com a música florida e delicodoce que Feist e a sua banda iam partilhando.
Feist impressiona pela frescura pop de temas como ‘My Moon My Man’ ou ‘I Feel It All’, um dos momentos mais enérgicos do alinhamento. Bem-humorada e inteligente na sua relação com o público, a canadiana, que confessou que a última vez que esteve em casa ainda nevava, conduziu o espectáculo de forma a reduzir os pontos mortos – mesmo quando dispensou a banda, como em ‘Secret Heart’ - conquistou a atenção – e devoção – da Aula Magna.
O desejo de festa dos portugueses foi, de resto, tão palpável que, à semelhança do que já vem acontecendo noutros concertos naquela sala, Feist chegou a pedir moderação nas palmas de acompanhamento, para melhor se concentrar no ritmo de cada canção.
No encore, a canadiana não resistiu a repetir o ‘número’ da cunhada portuguesa, e foi bonito ver a Aula Magna cantar a plenos pulmões o ‘Malhão’ (no concerto de 2005 a canadiana decidiu brincar com o facto de ter uma cunhada portuguesa e telefonar-lhe de Lisboa, para que o público lhe cantasse uma música tradicional portuguesa).
Mas para a história desta noite fica, sobretudo, a verdadeira celebração da Primavera a que se assistiu na sala da Cidade Universitária quando ‘1 2 3 4’, o tema que a muitos deu a conhecer a música de Feist, levantou toda a gente das cadeiras, num acesso de dança anárquica mas genuinamente bonita de se ver.
Obrigada, CR! Não estive lá, mas agora é como se tivesse estado!:)) 'Dança anárquica' parece-me muito bem! 1 2 3 4...vamos a isso...é noite de arraial!:))
3 Comments:
CELEBRAÇÃO DE PRIMAVERA
Em 2008, Leslie Feist já não é a ex-partenaire de Gonzales, nem a ex-Broken Social Scene. É um valor firme do indie mais encaixável em formato canção, amigo da melodia e profundamente feminino, como de resto provou a predominância de vestidos vaporosos entre o público da Aula Magna.
Com nomeações para os Grammys e exposição mediática na bagagem, Feist chegou a Lisboa confiante mas também cansada: “É a última data da digressão e parece o último dia de escola”, desabafou a certa altura. “Quando os professores nos põem a ver um vídeo qualquer e vão fumar, e nós estamos eléctricos mas exaustos”.
O cansaço não tirou a Feist empenho nem entrega. A cantora apostou na interactividade com a plateia e no seu charme de rapariga simples mas cativante para estabelecer uma inquebrável empatia com os fãs.
Desde o primeiro tema – o tradicional ‘When I Was A Young Girl’, cantado em modo de blues branco, por detrás de uma tela onde se projectava a delicada figura da artista – que o público não lhe poupou piropos. “We love you!” foi a mais comum das confissões do auditório.
A simplicidade de recursos, que Feist tanto aplica às músicas como aos vídeos, estendeu-se ao curioso engenho cénico que a viu começar e acabar o concerto por detrás de uma tela, reduzida a esbelta sombra; no resto do tempo, as suas “shadow assistants” fizeram desfilar, num painel ao fundo do palco, imagens consentâneas com a música florida e delicodoce que Feist e a sua banda iam partilhando.
Feist impressiona pela frescura pop de temas como ‘My Moon My Man’ ou ‘I Feel It All’, um dos momentos mais enérgicos do alinhamento. Bem-humorada e inteligente na sua relação com o público, a canadiana, que confessou que a última vez que esteve em casa ainda nevava, conduziu o espectáculo de forma a reduzir os pontos mortos – mesmo quando dispensou a banda, como em ‘Secret Heart’ - conquistou a atenção – e devoção – da Aula Magna.
O desejo de festa dos portugueses foi, de resto, tão palpável que, à semelhança do que já vem acontecendo noutros concertos naquela sala, Feist chegou a pedir moderação nas palmas de acompanhamento, para melhor se concentrar no ritmo de cada canção.
No encore, a canadiana não resistiu a repetir o ‘número’ da cunhada portuguesa, e foi bonito ver a Aula Magna cantar a plenos pulmões o ‘Malhão’ (no concerto de 2005 a canadiana decidiu brincar com o facto de ter uma cunhada portuguesa e telefonar-lhe de Lisboa, para que o público lhe cantasse uma música tradicional portuguesa).
Mas para a história desta noite fica, sobretudo, a verdadeira celebração da Primavera a que se assistiu na sala da Cidade Universitária quando ‘1 2 3 4’, o tema que a muitos deu a conhecer a música de Feist, levantou toda a gente das cadeiras, num acesso de dança anárquica mas genuinamente bonita de se ver.
in ‘Blitz’
CR
Obrigada, CR! Não estive lá, mas agora é como se tivesse estado!:))
'Dança anárquica' parece-me muito bem! 1 2 3 4...vamos a isso...é noite de arraial!:))
Belo concerto.
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