Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito. Que pode ter comigo o que não começa nem acaba? Não creio no infinito, não creio na eternidade. Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada. Creio que o tempo tem um principio e tem um fim, E que antes e depois d'isso não havia tempo. Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos Como se soubessemos o que são de os podermos entender. Não: tudo é uma quantidade de cousas. Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
Poema inédito, sem data, transcrito por Jerónimo Pizarro.
2 Comments:
PESSOA 120 ANOS
Caeiro
Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um principio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
Poema inédito, sem data, transcrito por Jerónimo Pizarro.
in 'Público' de 13 de Junho
CR
Obrgada,CR! E tu, és alguma coisa ao Ricardo Reis?!:))
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